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Augusto dos Anjos - Gênio Indomável


Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no Engenho Pau D'arco, em 20/04/1884, no município de Cruz do Espírito Santo, na microrregião de Sapé, no Estado da Paraíba. Filho de Dr. Alexandre Rodrigues dos Anjos e D. Cardula Carvalho Rodrigues dos Anjos. De início seu pai foi o primeiro professor, lhe ensinando a  ler. Logo depois, ia à capital João Pessoa estudar no Lyceu. Logo depois se tornou bacharel em Direito pela Faculdade do Recife, e como consequência, retornara à Paraíba. Mas, ele não queria seguir a carreira acadêmica no mundo jurídico, então foi lecionar Literatura no colégio onde estudou, o Lyceu Paraibano. Em 1901, começou a publicar seus poemas nos jornais O Comércio e A União. Depois disso, em 1910 casou-se com Ester Fialho, que era professora, e dessa união geraram dois filhos: Glória e Guilherme. Mais tarde Augusto dos Anjos fizera uma viagem com a esposa para o Rio de Janeiro para editar seu livro de poemas,pois na Paraíba não teve o apoio necessário, e como consequência, ficou magoado diante do descaso. E mais: antes de ir pediu ao governador da época, João Machado, que lhe concedesse uma licença até a sua volta do Rio. Alegando que "ele era apenas um substituto", não concedeu a tal licença. Imaginem a mágoa e a dor no coração que ele sentiu com esse MIX de desprezos e não reconhecimento de seu trabalho. Quem o ajudou a publicar seu primeiro e único livro, com o nome de EU, foi seu irmão Odilon dos Anjos. Porém, naquela época fora bastante criticado por seus poemas não ter os padrões convencionais da época. Mas hoje, em seu túmulo, ele fica feliz em ver que sua obra é uma das mais comentadas e modernas, porque não, da atualidade. Realmente é um trabalho singular o desse poeta. Mostro a vocês um pequeno exemplo de sua obra prima, o poema "Psicologia de um vencido".



PSICOLOGIA DE UM VENCIDO

Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme — este operário das ruínas —
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Além de tudo, ele colaborava todos os anos na edição do jornal Nonevar, que circulava na tradicional Festa das Neves. Participava também fazendo marchinhas de carnaval e panfletagens. Augusto dos Anjos morreu em 12/11/1914, vítima de uma pneumonia, que, pelo visto, parecia ser constante esse tipo de morte a alguns dos maiores escritores do nosso Brasil. O lugar escolhido foi Leopoldina, em Minas Gerais, onde ainda assumiu um colégio. Em um último pedido à sua mulher, Augusto dos Anjos queria que ela fosse para a Paraíba e trabalhasse como professora. Como não conseguiu garantir o sustento da família, retornou à Leopoldina. Em 2001, Augusto dos Anjos foi eleito " O paraibano do século ". Um paraibano que foi rejeitado pela sua própria terra, mas que conseguiu realizar um trabalho esplêndido com seus poemas e se sobressaiu com uma forma diferente de fazer poesias.

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